Estava eu lá, atravessando a rua para ir até a padaria comprar uns míseros pães. Três situações me roubaram a atenção nesse curto trajeto de uma quadra da minha casa.
Há tempos que eu gostaria de escrever sobre situações que nos ocorrem cotidianamente e que alteram nosso humor sem pedir licença ao longo do dia. Pois é, estou falando do estresse e como essa condição afeta nossas células benignas.
É muito provável que uma boa parte das pessoas possuem uma rotina pesada, cansativa, e às vezes, até maçante. Pensemos no dia a dia de pessoas que vivem nas grandes metrópoles, como São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte. Precisam sair cedo de casa, lá pelas 5:00-5:30 da manhã para chegar no trabalho a tempo (por volta das 08:00 horas) e que quando terminam o expediente (às 17:00-17:30), chegam em casa lá pelas 21:00 horas devido a massificação nas grandes cidades.
Mas nem precisamos ir tão longe assim. Vamos pensar em você caro(a) amigo(a) que lê estas razoáveis linhas que vos escrevo. Pense: basta ser mãe de crianças pequenas, ter que cuidar da rotina doméstica e ainda trabalhar fora, ou então ter uma rotina de trabalho em outra cidade, e percorrer 20 ou 30 km todos os dias. Ou ainda, ser aquele trabalhador que precisa entregar relatórios semanais, fechar folhas de pagamento de 300 funcionários de uma grande empresa, pagar as contas, esticar o mês feito borracha porque o dinheiro acabou… enfim. Não é preciso ser um executivo, empresário, ou médico plantonista para sentir o estresse nas nossas entranhas, porque ele está aí para nos afetar mesmo, positivamente ou negativamente. Sim, o estresse pode nos afetar de uma forma positiva na medida em que nosso organismo libera noradrenalina, um neurotransmissor que nos dá força, energia e motivação para as coisas da vida cotidiana. Mas pode e vai nos afetar negativamente, quando ao liberar noradrenalina, também produzir cortisol, o hormônio do estresse e desencadear uma série de reações invisíveis no nosso organismo, que a longo prazo pode levar a doenças respiratórias, cardíacas, pressão alta, ansiedade, preocupações exageradas e evidentemente, levar até a morte por causas secundárias ao estresse.
Não preciso ficar aqui falando dos mecanismos do estresse para convencê-lo(a) do malefício que ele causa, pois basta olharmos para nós mesmos e percebermos a queda da imunidade, o número de vezes que ficamos doentes sem causa aparente, o coração acelerado, a impaciência com o outro, etc., etc., etc.
Mas qual é causa de tudo isso? É morar em cidade grande? Não, pois quem não mora não está imune ao estresse, como já vimos. É ter uma rotina pesada e maçante? Talvez, apesar de que é comum vermos pessoas com jornada tripla estarem sempre sorrindo de orelha a orelha. Ué, tem gente que gosta, tem gente que lida bem, tem gente que gosta de um estilo de vida tipo workaholic, faz bem, revigora. Então o que seria, afinal, a razão do estresse existir e causar tanto mal em proporções desmedidas?
Lá nos primórdios da raça humana como bem descrito em muitos livros de evolução humana é explicado que situações de estresse vivenciadas pelos nossos ancestrais tinha um motivo primordial: a própria sobrevivência. Era preciso caçar, lidar com predadores, migrar de lugar em lugar, reservar gordura, e cuidar da prole. Hoje, nossas preocupações cotidianas situam-se na modernidade, na velocidade com que a informação corre, em conseguir um emprego ou manter-se nele, em ter dinheiro para o passe do busão, em sustentar a família. Mas, você pode pensar no seguinte: o homem é um ser vivo fadado a viver estresse de acordo com as situações que enfrentar? A resposta é sim e não. Sim, porque o homem vai viver situações de estresse no dia a dia, em menor ou maior grau, isso vai lhe garantir a SOBREVIVÊNCIA. Não da maneira como foi com nossos ancestrais, mas vivendo como o homem moderno pelas circunstâncias descritas agora há pouco. E não, porque não são as situações em si que geram estresse, mas sim O MODO COMO INTERPRETAMOS O QUE ACONTECE COM A GENTE.
Pois é, no final das contas voltamos ao lugar comum: ao cérebro e seus processos de pensamento, ou àquilo que gosto de chamar: às nossas cognições.
Para resumir sem deixar a questão obscura vamos raciocinar juntos: se você pensar que sua vida é uma droga, que seu emprego é ruim, que você ganha pouco, que seu trabalho é longe, que seu chefe não te deixa em paz, que sua esposa deveria saber que você está cansado demais para ajudá-la a carregar as compras… (ufa… !), provavelmente você vai sofrer muito mais com os efeitos do estresse no seu dia a dia. Estes são exemplos de situações que nem sempre podemos evitar e que nos deixam vulneráveis a INTERPRETARMOS tudo o que ocorre a nossa volta de forma negativa e pessimista. E o resultado? Mais estresse para seus pulmões e órgãos vitais, incluindo obviamente o seu cérebro. Tenha em mente que toda vez que você estiver vulnerável ao estresse seu cérebro estará liberando radicais livres, aquelas substâncias chamadas átomos que possuem ação oxidante e que são capazes de desenvolver doenças no nosso organismo. Claro, agora falando isso tudo fica um pouco mais claro.
Então, como fazer para evitar o máximo possível que passemos raiva, ansiedade, medo, apreensão, angústia e tristeza, ou mix disso tudo? De duas formas:
Em primeiro lugar, você pode sim ter uma vida bastante desgraçada vivendo alguns dos exemplos de linhas atrás. Se esse for o caso, então você deve partir para resolução de problemas. Faça um plano de ação, considere novas possibilidades, converse com as pessoas envolvidas no seu problema, procure um novo emprego, explique para sua esposa que se ela queria ajuda para carregar as compras deveria ter lhe informado, pois você não é adivinho.
Agora, se mudando isso tudo, você continua sofrendo os efeitos do estresse, então meu caro, você precisa cuidar dos seus pensamentos, tomando a devida cautela para o MODO como interpreta as situações a sua volta. Não é tão simples, claro, mas com um pouco de treino você será capaz. A Terapia Cognitiva está aí para fazer jus a isso. Com a reestruturação na sua forma de pensar, e consequentemente sentir e agir, será possível vivenciar a qualidade de vida dos seus sonhos.
Quer tentar? Se não conseguir sozinho(a), não hesite em procurar um psicólogo, o profissional ideal para ajudar você a se autoconhecer, perceber as próprias dificuldades e criar novas estratégias de enfrentamento. É garantido! Ou, como os jargões de hoje em dia, “o seu dinheiro de volta”.